Dentista Brasileira na França

15 de Agosto de 2020

 

Como surgiu a ideia de atuar como dentista na França?

A ideia surgiu durante a revalidação do diploma brasileiro, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto em Portugal.
Havia muitos relatos da situação precária em relação ao desemprego na medicina dentária em Portugal.
Um professor da UFP me aconselhou a tentar, pois o diploma português iria valer para toda a comunidade européia.


Como você conseguiu o direito de residência?

Eu tenho a nacionalidade portuguesa.


Quando você iniciou o processo para obter o registro aí e quando você conseguiu se registrar?

Na França, o início do processo ocorreu em março de 2019, quando dei entrada, e logo após a reunião do conselho da Ordem, três semanas depois, recebi uma carta com a inscrição válida.
Em Portugal, demorou duas semanas para eu reunir toda a documentação pedida pela Ordem francesa.


Qual nível de francês pediram? Você fez o DELF?

Minha língua materna é o francês.
Minha escolaridade foi feita na Bélgica até meus 12 anos.
Não precisei fazer nem o teste escrito, nem o oral.
Porém, vi o teste de francês escrito na ordem no dia da inscrição e não achei nada de mais.
Eles não pedem certificado. Apenas pedem fluência, daí o teste oral com o presidente da Ordem.


Você pode descrever o processo que você fez passo a passo?

Liguei para a Ordem e pedi a lista de documentos necessários. Não confiei no que estava escrito na internet. Mas é um bom ponto de partida.
Os seguintes documentos foram pedidos:

- Atestado de nacionalidade;
- Cartão de cidadão/identidade;
- Diploma europeu;
- Atestado da ordem de Portugal dizendo que não estava inscrita e/ou inscrita mas sem processos ou suspensão;
- Registro criminal português;
- Registro criminal francês (eles que pedem na hora);
- 3 fotos.
Vale lembrar que não se paga o primeiro ano da inscrição na ordem.


Atualmente, o processo para obtenção do registro ainda é o mesmo?

O processo mudou pouco tempo depois que consegui meu registro. Atualmente, pedem prática de três anos no país de origem do diploma, independente da pessoa ter cursado toda a faculdade numa universidade européia, ou de ter revalidado o diploma, como foi meu caso. E os pedidos de qualquer Ordem passam pela Ordem Nacional Francesa.


Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou ao longo do processo? 

Sendo bem franca, tive a sorte em ter conseguido o registro antes da mudança no processo de inscrição na ordem francesa.
O fato do francês ser a minha língua materna ajudou-me bastante.
A maior dificuldade foi ter que escutar opiniões negativas de familiares e de colegas.
Há espaço para todos.


Você conhece outros dentistas que fizeram o mesmo? Eles passaram por obstáculos semelhantes aos seus?

Da minha turma da UFP, conheço três que conseguiram, pois têm dupla nacionalidade e possuem um nível bom de francês.


Como foi seu primeiro mês de trabalho? Foi muito difícil a adaptação?

Os primeiros tempos foram de adaptação contínua.
No final, a odontologia é a mesma. Entretanto, aqui na França, eles seguem protocolos completamente diferentes. Cabe a cada dentista adaptar seu conhecimento e fazer as alterações que julgue necessárias.


Qual o conselho que você daria para quem deseja seguir os seus passos?

Pode ser meio clichê, mas eu digo que não desistam e que, principalmente, não dependam das informações de outros colegas. A melhor informação é sempre obtida na fonte.
O reconhecimento da Odontologia, e do profissional de saúde em geral na França, é muito evidente. Os salários comprovam isso também. No final, todo o esforço vai valer a pena.



Jessica Mefira

Jessica Mefira Cirurgiã Dentista UNIFESO-RJ
Mestrado integrado UFP-PORTO
Realizando o sonho de exercer a Odontologia na França, tendo acesso a diversas culturas e novos horizontes.

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